domingo, 25 de outubro de 2009

HIPÓTESE DO HIPOPÓTAMO TARTAMUDO


Esse textinho foi enviando por uma grande amiga, acho que vale a pena publicá-lo aqui.

Uma balada comportamental

Bráulio Tavares


Imagine um hipopótamo
Tartamudo e espantado
Amarrado na rua do Ouvidor
Triste como um filho póstumo
Escutando estarrecido
O enorme ruído das gargalhadas do mundo em redor

Esta criatura trágica
Este corpanzil corcundo
Abrindo uma guela áfrica
Botando a boca no mundo

Pois é assim que eu sou
Pois é assim que eu sinto que sou
Quando subo num palco pra cantar
Padecendo o mais péssimo dos medos
E nem mesmo consigo dedilhar
Com o tremor que me dá em cada dedo
Tanta gente escutando a minha voz
Tantas caras e pares de ouvidos
Mas a guela escorrega nos bemóis
Ou então nem alcança os sustenidos

Eu sei que tem gente que é muito mais valente
E acha essa história de cantar
Um negócio extremamente ótimo
Eu acho também:
Mas eu me sinto um hipopótamo

Imagine, novamente, um hipopótamo
Caminhando equilibrado
Num fio de arame farpado
Longuissimamente esticado
Por sobre as enormes cachoeiras de lá da foz do Iguaçu
Inquieto como átomo
Sob o foco das câmaras de TV
Sem olhar pra baixo pra não ver
A cascata rugino pra valer
E a risada feroz de Belzebu...

Pois é assim que eu sou
Pois é assim que sinto que sou
Quando fico de olho numa mulher
E ela fica também de olho em mim
E eu sei muito bem o que ela quer
Porém fico enrolado mesmo assim
Tropeçando nas minhas próprias pernas
Sem saber o que faça, como e quando
Infeliz como um homem das cavernas
Oscarito imitando Marlon Brando

Eu sei que tem gente que é muito mais valente
E acha essa história de trepar um negócio extremamente ótimo
Eu acho também!
Mas eu me sinto um hipopótamo

Imagine, finalmente, o hipopótamo
Num pantanal movediço
Afundando pesadíssimo
Sentindo a boca do abismo
Sorver suas bobas toneladas
Ofegante como um búfalo
Berrando, pedindo ajuda
No ouvido da selva surda
Sem ter ninguém que lhe acuda
Mesmo porque já passa das quatro e meia da madrugada

Pois é assim que eu sou
Pois é assim que eu sinto que sou
Quando às vezes me olho num espelho
E percebo que desde que eu nasci
Que eu só faço viver e ficar velho
Sem saber o que vim fazer aqui
Com a corda do tempo no pescoço
E os pés a pisar num alçapão
Mil perguntas doendo em cada osso
Mil cantigas pedindo explicação

Eu sei que tem gente que é muito mais valente
E acha essa história de viver
Um negócio extremamente ótimo
Eu acho também
Mas eu nasci um hipopótamo

sábado, 17 de outubro de 2009

Ah o amor

Que sentimento estranho este que nos faz sentir feliz e triste praticamente ao mesmo tempo. Sentimento estranho que exige que só sejamos completos na presença de outrem. Ser feliz sozinho é tão fácil, nos conhecemos tão bem, nos entendemos melhor ainda. Acho que perdi a crença em tudo isso, petrificado está meu pequeno, pobre e hipertenso coração. Devo estar pensanso besteira, melhor voltar pro churrasco, o whisky acabou mas ainda tem muita cerveja. Prometo que a partir de segunda tomo jeito. O objetivo está traçado, agora é só persegui-lo.

domingo, 11 de outubro de 2009

Mais um dia que se vai

Você já parou para pensar como o tempo tem passado rápido? Você mal começa a curtir o seu dia e de repente a imagem acima se repete. E o que você tem feito para aproveitá-lo? Eis a questão, pois os sábios dizem que a vida é a soma das experiencias que vive durante sua curta estadia neste mundo. E isso as vezes me faz pensar, deixa-me ansioso, há momentos em que quero experimentar tudo ao mesmo, o que é bastante complicado.
Essa foto eu consegui num momento muito feliz, porque não consegui repetí-la de forma alguma, na verdade, eu até vislumbrei outra, mas o tempo esta muito curto, não consegui outra visada para o pôr-do-sol. Quando você achar que um dia demora muito para passar observe o sol se por no horizonte, em questão de poucos minutos ele desaparece, pense nisso.
Como estou falando em aproveitar o dia, isso é o que tenho feito nos últimos dias. Pela segunda vez, em pouco mais de 30 dias, estou embarcado em pleno feriadão; todo mundo na praia, festas, diversão e eu? Chupando o dedo de novo? Negativo! Montei minha organização, na verdade um concurso de pessoas com os mesmos ideais, mas não se preocupem, não estamos realizando nenhuma contravenção, afinal de contas, viver um pouco e se confraternizar não é crime alguma.

Essa semana conhecemos a praia de Diogo Lopes, a Ponta do Tubarão, em plena costa branca do Rio Grando do Norte. Nesses cinco anos que tenho trabalhado por aqui tenho descoberto belezes naturais nunca antes imaginadas, locais praticamente intocados, onde a natureza se apresenta em toda a sua plenitude. As praias de Diogo Lopes e Galinhos são muito parecidas, ambas são restingas, porém Galinhos se estruturou dentro da restinga arenosa, tendo assim o seu acesso dificultado por automóvel; Diogo Lopes está no lado do continente, sendo portado de fácil acesso, a restinga do outro lado do braço de mar é rodeada por mangues, são belezas que vale a pena ter guardada na memória. A pequena cidade é um pouco maior que Galinhos, porém mais estruturada, a principal atividade econômica é a pesca e a extração de sal, locais para comer e hospedarias são raras.

Em nosso passeio almoçamos no que chamam de Balneário. Um restaurante, numa região elevada mas de frente para o oceano. Acho o fato de ter uma piscina no restaurante o eleva a categoria de balneário, mas está valendo, valeu a visita!
Segundo o dono do estabelicimento, o governo deverá estar liberando uma linha de financiamento para a instalação de pousadas e exploração do turismo local. Parece uma boa iniciativa, só espero que a exploração não seja predatória.

O japonês da foto acima sou eu!